Há 37 anos, a vida de seu Antônio da Silva, mais conhecido como 'Baião', é de absoluta dedicação ao estádio Nildo Pereira de Menezes, o Pereirão. Ele é o responsável pela sobrevivência do gramado , que é capaz de aguentar os 42° comuns a cidade de Serra Talhada no verão.
Aos 74 anos, todo santo dia Seu Baião está lá 'acarinhando' a grama protegido por um poderoso chapéu de palha.Quando perguntado qual o seu time de coração, não titubeia e crava, para segundos depois se corrigir:
- É o Serrano! Quer dizer, o Serra Talhada.
Seu Baião, e os quase 100 mil habitantes do município sertanejo, localizado a 415 km do Recife, ainda não se acostumaram a radical mudança, nascida numa briga politica, que 'exterminou' o antigo Serrano e fez nascer o Serra Talhada Futebol Clube.
- Houve uma dissidência porque não havíamos publicado as contas do clube no Diário Oficial, como manda a Lei Pelé, e para resolver o impasse, decidimos criar um novo clube. Consultamos a população, a prefeitura e o comércio e optamos por homenagear nossa cidade - explica o presidente José Raimundo, que também já presidiu o Serrano.
Duro é se acostumar com o novo nome.
-A cada dez vezes, em oito eu acabo chamando de Serrano, mas a gente vai se acostumando- assim espera o presidente.
O amarelo e preto foi abandonado e uma combinação não muito convencional foi adotada: laranja e preto. A inspiração nos nossos algozes na Copa da África.
- A gente tinha de escolher uma cor e decidimos pelo laranja e preto em homenagem à Holanda. Uma ideia original, já que não existe nenhum clube em Pernambuco com essas cores - afirma o presidente.
(Re)Fundado em 25 de janeiro de 2011, o Serra Talhada é o clube mais jovem entre os participantes do Pernambucano, mas, antes mesmo de completar um ano de vida, já conseguiu seu lugar na elite, levantando o troféu de campeão da Segunda Divisão no ano passado.
Do grupo vencedor, muita gente permaneceu.
É o caso do atacante Jessuí, artilheiro da equipe na competição, com 10 gols, e que segue no Serra para voltar à fazer ligações da sua 'chuteira-fone', comemoração que virou sua marca e nasceu por acaso.
- Em 2007, eu estava no Serrano e marquei um gol no Santa Cruz, lá no Arruda. Na hora da comemoração, tirei a chuteira e fiz que estava telefonando para minha esposa. Não imaginava que se tornaria uma marca minha - relembra o atacante de 28 anos, que só iniciou a carreira no futebol aos 18 anos.
- Na época eu só queria saber de surfar, de praia, quando um olheiro do Fortaleza me viu batendo uma pelada e me levou para fazer um teste. Pouco tempo depois já estava no juniores e me destacando nas competições.
Vice-artilheiro do Campeonato Pernambucano de 2007, com 11 gols, quatro a menos que o ex-tricolor Marcelo Ramos, Jessuí promete manter a linha de sua chuteira-fone 'ocupada'.
- Temos um bom time, vamos mandar bem no Pernambucano e eu vou marcar muitos gols - promete.
Paraibano no comando
Coube a Reginaldo Sousa a missão de conduzir o Serra Talhada em sua primeira vez na elite do Pernambucano. O treinador paraibano, de 45 anos, que já passou por Central e Ypiranga, acredita numa boa campanha.
-Temos, sim, condições de fazer um bom Estadual e brigar por uma vaga na semifinal, que vai nos garantir uma temporada cheia. Conheço bem o futebol daqui e o meu grupo também tem experiência, sabe bem onde está ‘pisando’ – confia o treinador, que é natural de Campina Grande.
Torcida chega junto
A vitoriosa campanha na Segunda Divisão foi embalada pela torcida ‘da laranja sertaneja’. E com o Pereirão sempre cheio, o Serra Talhada espera fazer valer o mando de campo para ir longe no Estadual. Com capacidade para seis mil lugares, o estádio deve estar sempre cheios nos jogos na cidade.
Contando com o apoio da torcida, os gols do atacante Jessuí, o Cangaceiro espera chamar a atenção no Pernambucano e não só pelo laranja marcante de seu uniforme.
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